sexta-feira, 1 de junho de 2018
Como improvisar e criar solos com os modos maiores
Improvisar e solar bem requer algumas técnicas simples porém valiosas, para que as melodias sejam interessantes e que não se caia no excesso de técnica. Um dos erros maiores na etapa do estudo do improviso é exagerar nas frases rápidas e tocar notas dentro da escala sem nenhum propósito.
Se você já se deparou com dificuldades na hora de criar seus solos ou improviso, saiba que é natural quando não entendemos ainda como as melodias são construídas e mesmo quando tampouco temos ideia de como usar as escalas e modos a favor.
Algo que me intrigava no começo dos estudos de improviso era o fato de que todos os modos derivavam de uma única escala. Se era assim, que diferença isso tudo faria, se os desenhos das escalas poderiam se confundir?
Estudando mais a fundo, entendi que o jeito certo de improvisar com os modos é fazê-los mostrar suas características. Isso me trouxe muita liberdade, pois para cada acorde do campo harmônico, haveriam várias possibilidades e sobreposições de harmonias interessantes.
Vamos entender agora como utilizar os modos maiores para criar solos e improvisos muito mais melódicos.
Para começar, gostaria de revisar alguns conceitos sobre criação de frases, para que seja mais fácil a aplicação.
Um dos pontos-chave para criar boas melodias, é simplesmente cantá-las. Se você canta um trecho, é muito mais fácil de entender o desenho melódico e o sentido da frase. Muitas vezes pecamos por exagerar nas notas da escala e arpejos, e vemos que a melodia fica confusa e sem início ou fim. Procure utilizar como base as escalas e arpejos, mas crie suas melodias com a própria voz.
Com esse hábito de cantar a melodia já fica muito mais fácil criar bons solos. Mas se você uma ferramenta a mais, vamos à ela.
Você conseguirá conectar melhor as frases utilizando motivos melódicos. Os motivos melódicos nada mais são que utilizar raciocínio semelhante na construção das frases. Isso quer dizer, por exemplo, utilizar mesmo grupo de figuras rítmicas. Você pode perceber isso com muita facilidade na sinfonia 5 de Beethoven, que usa aquele ritmo padrão em toda a música. Se quiser, pare para ouvir um pouco e perceba o ritmo, que até hoje é considerado como caráter de "suspense".
Beethoven repete aquele motivo rítmico por muitas e muitas vezes, o que facilita muito a coesão.
Outra possibilidade associada aos motivos melódicos é o uso de fragmentos de melodia que se assemelhem. Por exemplo, utilizar uma melodia descendente diversas vezes. Ou então, saltos de terças. Você pode criar uma melodia com saltos de terças a partir de determinada nota e repetir a mesma ideia, começando por outra nota.
Esses detalhes ajudam muito na hora de criar solos ou improvisar, pois o ouvinte vai entender melhor a ideia que as melodias estão passando. Tudo combina muito mais.
Vamos seguir agora com as características dos modos maiores.
O modo jônio é simplesmente a escala maior. Ele servirá como base para os outros modos maiores. Por conseguinte, não há nota característica.
Esse modo soará muito natural numa base harmônica maior. Veja a estrutura abaixo:
F 2 3 4 5 6 7
Do Re Mi Fa Sol Lá Si
F= fundamental
(Não confundir com a leitura de cifras, ex: 7M, m7, etc)
Para caracteriza-lo, procure utilizar com frequência as notas do arpejo maior correspondente, e como notas de passagem, as outras notas da escala.
O modo lídio é o modo correspondente ao IV grau do campo harmônico maior. Se compararmos a estrutura da escala, ele terá 1 nota diferente em relação ao modo jônio.
F 2 3 #4 5 6 7
Do Re Mi Fa# Sol Lá Si
Isso significa que esta será a nota característica do modo. Ou seja, ao improvisar com intenção lídio, utilize esta nota frequentemente, junto ao arpejo correspondente ao modo. Lembre-se sempre de usar os conceitos de construção de melodia mencionados acima, para que os solos ganhem mais força.
Já o modo mixolidio, um dos mais utilizados, também difere da escala maior em apenas 1 nota, que será a característica do modo.
F 2 3 4 5 6 b7
Do Re Mi Fa Sol Lá Sib
Esse modo você também poderá utilizar com muita frequência a nota característica junto ao seu arpejo correspondente. Mas aqui, você pode ainda mesclar com a pentatônica e pentablues, que funcionam muito bem no modo.
O principal aqui é criar a sonoridade do modo.
Para perceber mais a diferença sonora entre eles, toque os três modos a partir da mesma fundamental. Você perceberá muita diferença entre eles. Cante os modos com e sem a ajuda do seu instrumento.
Procure também músicas nesses modos, para ganhar bagagem em informações melódicas.
Nas próximas postagens, falaremos um pouco mais sobre os modos, com mais dicas de criação de solos e também sobre os modos menores.
Boa diversão!
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